Boa samaritana

Existiu um momento na minha vida em que eu era um ser humano muito, mas muito altruísta. Eu me doava demais, pensava demais nas outras pessoas, no bem estar de todo mundo e tinha uma certeza enorme dentro de mim que dizia que eu tinha sempre em qualquer circunstância que me deixar por último, até se fosse por um estranho e que só assim eu seria considerada uma pessoa boa e teria amigos queridos e fiéis. 

Com o tempo eu percebi que as coisas não funcionavam assim e talvez por causa dessa certeza que eu tinha sobre a minha “extrema bondade” eu fui me deparando e descobrindo o conceito da palavra injustiça. Eu era tão boa e, pela minha lógica, o retorno deveria ser o carinho e amizade das pessoas, mas ao invés disso eu tinha em troca traição, descaso e pessoas que me passavam a perna e desmereciam minha forma idealista de ser. Aos poucos não foi mais fazendo sentido essa doação extrema e meu coração se fechou de uma forma grande dando lugar a um puro e sincero egoísmo.

Claro que no fundo ninguém tá muito interessado no sincero egoísta. O altruísta é muito mais conveniente já que tá lá sempre disposto a ajudar. Mas a gente cansa. Cansa de ser trouxa, de ser feito de palhaço de se sentir usado. Essa história de incondicional só existe em contos de fadas. O ser humano por natureza quer algo em troca nem que seja um sorriso ou um muito obrigada!

Podem me chamar de egoísta, tudo bem, porque sei que não sou mais aquela boa samaritana que costumava ser.