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Quem sou eu afinal?


Uma pergunta importante vem incomodando minha mente nos últimos dias. Não porque eu tenha dúvidas, mas porque percebi que as pessoas passam anos convivendo conosco e muitas vezes não nos conhecem realmente. Tem casos que nossos próprios pais, irmãos, maridos/ esposas depois de anos de convívio nos confrontam com perguntas sobre as quais só podemos concluir: gente, pra vir essa pergunta é sinal que essa pessoa não me conhece mesmo! Enfim, será que eu seria capaz de me descrever? Já inicio dizendo que tenho a mente extremamente complexa, mas por incrível que pareça consigo e prefiro me comunicar de forma sucinta e objetiva, todavia me descrever de forma sucinta e objetiva não seria uma tarefa fácil pra mim.

Minha psiquiatra mesmo diz que eu poetizo as coisas, veja bem, seja lá o que isso significa, acho que combina bem para a confusão do meu ser.

Vamos tentar do começo. Eu fui uma criança bem boazinha, segundo o que conta minha mãe. Dei um pouco de trabalho pra comer, mas em geral era quietinha, fazia poucas artes, minha mãe conta que eu tinha preguiça de jogar a bola pra não ter que ir buscar. Ela me colocava sentada no sofá quieta e assim eu ficava por um bom tempo até que alguém me tirasse de lá.

Eu gosto muito de pensar, meus pensamentos divagam bastante, vai ver já era assim desde essa época. Nunca fui de esportes, nunca gostei de correr, muito menos gostei de bolas. Sofri muito bullying, nossa, muito não, sofri bullying pra cacete! Eu era uma topeira! Bobinha, boazinha, filha única, todo mundo me fazia de trouxa. Eu sempre perdia nas brincadeiras, sem perder, sempre davam risada de mim porque eu era tímida, porque eu torcia pro time que perdia, porque eu acreditava em Deus e rezava antes de fazer prova, porque eu não falava palavrão, porque eu era nerd, porque eu fazia o que me dava na telha e não o que todo mundo fazia e era legal fazer, porque eu gostava dos meninos e levava fora, porque eu acreditava em todo mundo e sempre era feita de trouxa, porque eu só queria ter amigos e cuidar das pessoas e elas só queriam me foder.

A vida não foi fácil pra mim, não contente de tudo isso eu cresci com esse péssimo hábito de gostar de ter senso crítico. Bom seria viver na tranquilidade da ignorância, né, mas eu não quis isso, quis ser essa cabecinha pensante. Queria "mudar o mundo" entender de política, votar aos 16 anos. Tive lá alguns namorados que tentaram me anular mas eu consegui dar a volta por cima e segui com os planos. Logo, bullying de novo! Cabeça pensante pensamentos polêmicos. Lá to eu de novo fazendo o que me dá na telha e não o que a maioria faz, não o que é legal e tá na moda.

Puta, te falar que tem horas que cansa viu. Ser minoria e polêmica em tudo, haja resiliência!

Eu sei que a maior parte de todas as visões e convicções que construí não foram levianamente, pois sou o tipo de pessoa que pra entender da periferia visita, olha, conversa com pessoas que lá vivem, lê a respeito pra depois formar uma opinião. As minhas opiniões não vieram do nada e muito menos no jornal nacional. Eu posso dizer que tenho experiência de vida. Trabalho desde os 15 anos, com diversos públicos, já lidei com pessoas de várias classes sociais, já conversei com pessoas de diversos países, já morei em mais de um país, já trabalhei em mais de um país. Ando de transporte públicos, andei pela periferia algumas vezes, visitei favelas, visitei bairros de luxo, fui pra Cuba (literalmente) sofri preconceito por ser mulher, por ser mãe solteira, por ser homossexual.

Tudo o que eu penso, as minhas convicções pessoais foram construídas através de toda uma história de vida e tudo que essa história e esses "tijolos" de história representam pra mim. Cada pedaço de história tem um contexto que criou a pessoa que sou e a forma que penso.

Então se eu sou a esquerdista, petista, comunista da família, aquela chata que vira piada sempre, ou a amiga lésbica, aquela que você usa como exemplo quando diz que não é homofóbico, lembre-se que eu quero que esse rótulo aí se foda!

O importante é justamente toda história que existiu antes desse rótulo que eu vivi com todo suor do meu corpo e que você não se importa em conhecer e saber dela e entender minha real essência.

Tentando simplificar, pouco importa se eu sou esquerdista, comunista ou petista, o importante é que eu sou uma cidadã que entre outras coisas é a favor da democracia e contra a desigualdade social. Pouco importa se eu sou a sua amiga lésbica da cota. O importante é que com todas as dificuldades impostas pela sociedade a sua amiga escolheu ser feliz, que tal isso pra você?


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