O encontro com meu interior

Venho me tratando de depressão há mais de dois anos e nesse período as emoções estão sempre afloradas e a vida fluindo entre altos e baixos.

A busca pela felicidade é uma das tarefas mais difíceis da vida, embora mais buscada diariamente por todo mundo. Venho tentando buscar formas e caminhos, entre mudanças de comportamento, tudo com esse objetivo de encontrar a paz interior que me faria ter o prazer devido pela vida.

A sensação de viver no automático, cumprindo tarefas, é algo que me assombra todos os dias, um mal a ser combatido para que a mente não entre num surto total. Há alguns dias eu senti uma melhora significativa no meu tratamento, uma sensação diferente de equilíbrio misturada com maturidade, como se estivesse me encontrando com meu interior. Esse encontro comigo, de forma a, pela primeira vez, gostar do que vejo, foi uma experiência boa, porque em geral minhas análises sobre mim costumavam ser péssimas e negativas ao extremo.

Fez-me bem sentir isso e já vinha pensando em sugerir pela primeira vez uma redução na medicação, que até então só havia sido aumentada e aumentada.... bela evolução. Só que a descoberta com o seu eu nem sempre é tão simples, quanto chegar a uma linha de chegada numa maratona, você não necessariamente chegou ao fim.

É mais como um cobertor curto, você arruma uma parte mas pra isso teve que descobrir outra. Percebi que pra chegar a esse ponto tive que ser um pouco egoísta pois só assim chegaria ao meu eu. E dessa forma, e agora olhando à minha volta, todo o resto está uma completa bagunça.

Meu casamento está bagunçado, meu filho tendo comportamentos estranhos na escola e rebeldes em casa, ou seja, para me encontrar, deixei de ser o núcleo familiar que costumava ser , alguém que de alguma forma dava sustentação a todo resto, e agora tá tudo uma bagunça. Minha dúvida: eu consigo ser esse núcleo novamente? Pior, eu consigo ser esse núcleo, sem desestabilizar meu eu novamente? Medo! Pânico! Falta de ar! Voltamos à estaca zero.