A visão do andrógino

Um dia desses eu estava subindo a Rua Augusta, bem atrás de um casal de senhores. Eles tinham provavelmente por volta de 45 a 50 anos. Na direção oposta, descendo a rua Augusta vinha um rapaz de barba, maquiado, com um lenço na cabeça, desses que as mulheres costumam usar, brincos grandes de argola, num visual bastante andrógino. Achei o visual bem diferente, intrigante, o casal se horrorizou. Ficaram perplexos. Eu, logo comecei a divagar, o que seria o mundo se não existissem as regras do "isso é para homens e isso é para mulheres". E se homens pudessem ser héteros ou homos e usar maquiagem e mulheres pudessem ser lésbicas ou não e usar terno e grava e barba e ter pelos nas axilas e nas pernas e homens usarem vestido e não serem necessariamente padres ou escoceses. Gente, que linda seria a liberdade. Que lindo se aquele casal não tivesse ficado horrorizado com o visual do rapaz. Que lindo se todos achassem a Conchita absolutamente normal.