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Minha "L" Vida

Há alguns anos foi lançada na TV americana uma série chamada The L Word (O mundo L), que narrava o dia a dia de algumas garotas lésbicas, inclusive as dificuldades que algumas enfrentavam para se dizerem lésbicas no ambiente de trabalho.

Essa série foi bem inspiradora na época para diversas garotas, porque até então nenhuma série, novela ou qualquer produção havia tratado com tanta clareza a vida cotidiana do “mundo lésbico”.

Por muitos anos, mesmo quando se falava em homossexualidade, a questão era associada mais à figura masculina do gay propriamente do que à figura feminina.

Talvez isso venha de raízes de uma sociedade originariamente patriarcal, onde a figura masculina é muito mais vista por sua virilidade e sexualidade e a feminina muito mais pela maternidade e submissão.

Mas afinal, o que é ser lésbica nos tempos atuais e, principlamente, no ambiente de trabalho?

Imagine a seguinte situação, uma garota passa começa a trabalhar numa empresa com 21 anos de idade. É ainda solteira, nem tem certeza de como seguirá sua afetividade, até aí tudo bem não ter necessidade em dividir com ninguém suas histórias sobre relacionamentos. Mas, conforme os anos se passam e as certezas passam a existir, a garota de 21 passa a ter 34 anos, já é casada, tem filhos no relacionamento, é normal que ela queira falar sobre sua companheira, seus filhos, comentar sobre uma viagem, sobre como foi seu fim de semana e dividir isso com os colegas mais próximos no trabalho, certo?

Enfim, em 12 anos de empresa, existirão momentos de certeza e vontade de dividir o dia a dia com os colegas, porém nem sempre é fácil ser bem sucedida nisso.

Imagine outra situação: você é destacada para compor um grupo de trabalho numa área diversa dentro da mesma empresa. Desse grupo fariam parte outros 3 funcionários de outras áreas também. Você estaria convivendo com pessoas desconhecidas para as quais teria que se apresentar na ocasião, certo? Agora imagina se no primeiro dia, você e seus novos colegas de trabalho vão almoçar e no meio do caminho cruzam com duas garotas se beijando no meio da rua e a reação de um de seus colegas e a pior possível. Pois é, pense, se ele olhasse a cena e dissesse que achava repugnante, que aquilo era um absurdo, que era uma cena horrível, durante o almoço você teria coragem de dizer que convive com outra mulher?

E se você fosse chamada pra fazer um curso pela empresa junto com outros colegas e vários deles se reunissem no intervalo e ficassem fazendo piadas pejorativas e ininterruptas com a temática gay, como você se sentiria?

Apesar de todas as dificuldades e depois de muitas sessões de terapia, tomei a decisão de viver a minha verdade. A partir do momento que eu decidi pela minha verdade, meu mundo ficou mais leve. E veja, minha maior influência nessa decisão foi justamente a maternidade, aquela maternidade pela qual nós mulheres sempre fomos vistas e que tornou nossa sexualidade invisível e esquecida, foi o que me salvou de uma vida de omissão e mentira.

Decidi viver minha verdade porque era essa a verdade que eu queria ensinar ao meu filho e graças a minha decisão ele vai à escola e diz com orgulho, não com vergonha, que tem duas mães.

Hoje as pessoas sabem tudo sobre mim, não precisam fazer piadas pelas costas, especular, elas sabem, e isso passa a ser nem tão importante assim.


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